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sábado, novembro 04, 2006

Admirável Mundo Novo

Imagine um mundo sem dor. Sem doenças, sem velhice, sem amores platônicos, solidão ou qualquer outro tipo de sentimento infeliz. Um mundo no qual gramas de uma droga qualquer podem te trazer alegria, a todo o momento. Um mundo em que todos têm um papel importante na sociedade, ainda que cada um seja de todos. Agora, imagine o papel da religião nessa sociedade aparentemente tão ideal. Num mundo em que todos se sentem felizes e têm tudo que se deseja ter, há razão para se procurar Deus?
Bem, de acordo com essa visão de mundo apresentada por Aldous Huxley, a resposta é não. Em seu livro “Brave New World”, a religião há muito foi esquecida pela humanidade, bem como a ciência e a arte. Aliás, nesse mundo, aqueles que ainda preservam hábitos antigos, como a religiosidade, a castidade e a procriação, são tidos como selvagens e mantidos à parte. Em outras palavras, nós somos os selvagens aos olhos desta sociedade admirável.
É curioso se pensar a respeito. Será mesmo que a humanidade, durante toda sua “existência”, tem mantido vínculos com Deus apenas por necessidade? Apenas para ajudar a suprir algo que ainda não se conquistou? Uma coisa é certa, só costumamos nos lembrar de Deus nos momentos de dificuldade. Nos momentos em que nos vemos acuados e necessitados de uma intervenção divina. Talvez não passemos de filhos ingratos, afinal. Outra pergunta que se poderia fazer, e que de fato é feita no livro, é “mas não é uma coisa natural sentir que há um Deus?”; Será que o sentimento religioso é de fato inerente ao ser humano? Mustafá Mond, personagem do livro, diria simplesmente que “crê-se em Deus porque se foi condicionado para crer em Deus”. Ou seja, aquilo em que acreditamos é fruto do que a sociedade acredita e nos faz acreditar. Sendo isso realmente verdade, o que se pode afirmar é que andamos conforme a maré. Nossos valores e crenças são influenciados pela época e lugar em que nascemos. De certo modo, estamos atados à sociedade por um nó difícil de desfazer.
Dentro desse contexto, fico receoso ao pensar que minha crença em Deus, que considero tão forte, pode não ser algo de mim mesmo. Talvez a liberdade de escolha que todos pensamos ter seja apenas ilusória e incutida por uma sociedade longe de ser ideal. Por outro lado, é conhecendo nossos pontos fracos que nos fortalecemos. Ainda que nutridos por valores fortemente enraizados, somos capazes de lançar mão do senso crítico, avaliando e filtrando tudo aquilo que nos é e que nos foi embutido. Podemos questionar, contestar os mecanismos de atuação da sociedade atual e assim, quem sabe, chegar a uma sociedade que seja fiel aos desejos e anseios mais profundos do ser humano. Uma sociedade voltada para o indivíduo e não um indivíduo criado aos moldes da sociedade.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

tenho muita vontade de ler o AMN!
mas infelizmente não o achei ainda e também fico meio com um pé atrás qd me dizem q ele é chato e tal...

mas vejo ele gerar tantas boas reflexões e isso me dá vontade de lê-lo!
enfim...
qd eu ler, a gente discute isso mais a fundo!

adoro seus textos!
abç!

4/11/06 6:09 PM  

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