Ordem e Progresso

Até a última aula de Suporte a Usuário, tudo o que eu sabia ou lembrava a cerca de positivismo se resumia aos dizeres da bandeira nacional: Ordem e Progresso. Lembrava-me vagamente disto em decorrência de alguma aula que devo ter tido no ginásio muitos anos atrás. Sequer imaginava o quanto extenso este tema poderia ser. Minha visão sobre o positivismo começou a mudar quando o professor falou dos cursos, grades, disciplinas e deveres e como tudo isso era feito de modo a nos prender. De certo modo, nossas próprias escolhas nos prendem a um único caminho. Foi aí que comecei a me sentir dentro da Matrix.
A questão da ciência cada vez mais afastada dos conceitos filosóficos e éticos também me deixou ligado. A ciência só se desenvolve quando os questionamentos éticos são deixados de lado. Dentro do contexto capitalista isso é ideal. Aliás, nos dias de hoje, o capitalismo é a força motriz do desenvolvimento científico. Sem capitalismo não há ciência e vice-versa. Infelizmente, o que se vê é a Ciência colaborando para o capitalismo e se colocando a serviço de apenas uma minoria, sem a qual não haveria seu progresso. E o pior: Muitas vezes, nós contribuímos para esse estado de coisas, sem mesmo nos dar conta. A partir daí, comecei a rever meus conceitos. Na área de engenharia, sempre procurei seguir um caminho mais acadêmico, voltado para a pesquisa, certo de que assim poderia dar minha singela contribuição para a sociedade. Não me via trabalhando numa empresa apenas ajudando a encher o bolso dos empresários. Contudo, foi um choque perceber que toda a especialização a qual tenho me dedicado também causa uma certa alienação. As coisas não são tão simples quanto eu imaginava. Minha formação tem sido cada vez mais “funilada”. Quanto mais avanço nos degraus da minha formação, mais estreitos ficam os corredores do conhecimento. Admitir isso não foi fácil, mas é verdade. Muitas vezes as informações nos são passadas de tal forma e, ao longo de tanto tempo, que acabamos tomando-as por verdades absolutas, incontestáveis. Não é bem assim. Somente agora estou conseguindo ver as coisas por outro prisma. Todavia, mesmo que meus anseios tenham sofrido um certo baque, ainda pretendo seguir no mestrado e fazer doutorado. A pesquisa continua me fascinando e é nessa área que pretendo progredir. Porém, agora tenho uma consciência maior da minha responsabilidade e do meu papel social e, sobretudo, individual. Ainda que seja preciso seguir as regras deste mundo capitalista, tentarei construir o meu próprio caminho, segundo ideais próprios. Afinal, como diria Cazuza: Ideologia, eu quero uma pra viver.