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segunda-feira, novembro 26, 2007

Da Criatividade

Eden Duarte

Para mim, a forma mais explícita de manifestação da criatividade, encontra-se na arte. É através dela que o homem cria coisas originais, inovadoras, adaptáveis. Quando falo em arte, não me refiro apenas à arte em si: pintura, escultura etc. Refiro-me também a engenharia, arquitetura e moda. Ou seja, tudo que permite ao individuo lançar mão desta tal criatividade, de forma positiva e de modo a favorecer o bem comum. Ainda que haja um certo “quê” de misticismo em torno dela, muitos estudos já foram realizados com o intuito de compreendê-la. Aristóteles, num primeiro momento, desenvolveu a idéia segundo a qual a inspiração teria suas origens no interior do indivíduo, dentro do encadeamento de suas associações mentais, e não em intervenções divinas. Segundo Duff (1967), o gênio criativo resultaria de uma capacidade inata de utilizar a imaginação associativa, combinando idéias, julgamento e a evolução do que foi produzido. Aqui, já se diferenciavam a criatividade e o talento. A primeira seria uma forma excepcional de genialidade, apresentando uma extensão maior que o segundo e sendo determinada por fatores genéticos. Galton (1879), que deu início ao estudo empírico da criatividade, afirmava que tanto as capacidades mentais quanto as características psíquicas são de origem genética. Em um vídeo ao qual assisti recentemente, Daniel Godri enfatiza a importância de se combinar criatividade com motivação. Cox (1926), certamente concordaria com ele.
Consideremos agora o papel da criatividade dentro do contexto empresarial. Para Louis Jacques Filion, o “candidato” a empreendedor deve, no seu processo de aprendizagem empresarial, adquirir conhecimento ou, mais especificamente, conhecimento relacionado ao que ele deseja realizar. Isto está bem de acordo com a abordagem múltipla da criatividade. Segundo essa abordagem, a criatividade requer uma combinação particular de fatores relevantes do indivíduo, como capacidades intelectuais e traços de personalidade, além do contexto ambiental. As capacidades de uma área, por exemplo, fazem referência ao conhecimento, às capacidades técnicas e aos talentos específicos em um domínio preciso. Na formação do empreendedor e de sua criatividade, dois aspectos devem ser levados em consideração: A visão e o sistema de relações. A visão pode ser entendida como um sonho que se deseja realizar mediante ações reais a serem executadas. Para se desenvolver uma visão, há de se lançar mão da imaginação, reflexão e bom senso. Nesse processo, é incontestável a importância do aprendizado e da orientação por outras pessoas. No que diz respeito ao sistema de relações, podem ser destacados três níveis.
Relações Primárias – Pessoas próximas com as quais o empreendedor mantém vínculos variados: afetivos, intelectuais, esportivos, recreativos etc.
Relações Secundárias – Relações via atividades bem definidas: clubes sociais, grupos religiosos, negócios e política.
Relações Terciárias – Contato com a área de interesse.
Vale ressaltar que visão e sistema de relações devem caminhar de mãos dadas. O empreendedor que consegue adquirir uma visão clara e consistente, sem desenvolver simultaneamente um sistema de relações que o ajude a torná-lo realidade, corre o risco de permanecer como um mero sonhador. Por outro lado, de nada vale ter uma rede extensa de relacionamentos se não se tem uma visão bem definida.
O vídeo já mencionado de Daniel Godri, nos permite ter mais alguns insights interessantes. A questão de se motivar com criatividade é apresentada de uma maneira bastante divertida e há alguns pontos-chave que merecem realmente atenção. Por exemplo, a questão de utilização dos recursos. Godri afirma que não faltam recursos para a humanidade, o que falta é a capacidade para saber o que fazer com eles. O profissional não deve ser como um repolho que nasce aberto e vai se fechando com o tempo. O ideal é que o profissional seja com uma rosa que vai, aos poucos, se abrindo. Cada um deve saber que tem que fazer a sua parte, como uma locomotiva, puxando os outros em harmonia e sincronia. No quesito criatividade, há duas formas de se abordar um problema: Uma é ficar no problema, outra é encontrar soluções com criatividade. É evidente que para a resolução do problema não basta inteligência. Necessita-se também de motivação. O indivíduo que lança mão de sua motivação tem mais chances de vencer na vida do que aquele que só se vale de sua inteligência. Arthur Jensen, um dos pioneiros das pesquisas no campo da inteligência, chegou a dizer que 50% do QI era decorrente de fatores ambientais e os outros 50% de fatores genéticos. À medida que seus estudos foram adiante, ele mudou o cálculo, atribuindo 20% do QI aos fatores ambientais e 80% à genética. James R. Flynn foi mais preciso. Num livro recém publicado, ele estabeleceu que a inteligência é 36% genética e 64% um misto de genética e fatores ambientais. Seja qual for a verdade, um bom exemplo de motivação é Bill Gates que trancou a faculdade no primeiro ano. Para Godri todos devem buscar ser inteligentes como o gato e motivados como o cachorro. Além disso, deve-se procurar não apenas alcançar o topo, deve-se procurar ir além dele.
Por fim, podemos concluir que a criatividade exerce realmente um papel importante nas nossas vidas. Seja no ambiente profissional ou nas coisas simples do dia-a-dia. Procuremos cultivá-la enquanto semente para que logo possamos colher seus bons frutos.

Imagination is more important than knowledge.”
Albert Einstein



- MAINARDI, Diogo. Somos todos chimpanzés. Revista Veja, ano 40, n. 47, p. 161, nov/07.

- GODRI, Daniel. Motivando com Criatividade.
Disponível em:
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Acesso em: 26 de novembro de 2007.

- FILION, Louis Jacques, O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: Identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações – Revista de Administração de Empresas, FGV, São Paulo, nº 3.vol. 31, Jul/Set, 1991.
Disponível em: .
Acesso em: 26 de novembro de 2007.